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Resenha do livro Crime e Castigo

E aí pessoal, tudo bem? Hoje trago para vocês a resenha de um clássico da literatura mundial: Crime e Castigo, livro de Dostoiévski. Vamos direto ao ponto? Confira na íntegra!

Crime e Castigo: a grande obra de Dostoiévski

Crime e Castigo, novela do gênero drama psicológico, foi escrita pelo autor russo Fiódor Dostoiévski e publicada pela primeira vez em 1866. A alienação social é o tema principal, personificada no protagonista, Raskolnikov. A psicologia do criminoso, o medo, a culpa e como estes sentimentos atuam como o verdadeiro castigo, é sobre isso que Dostoiévski nos fala.

Os homens vulgares deviam viver na obediência e não têm direito a infringir as leis, pelo próprio fato de serem vulgares. Mas os extraordinários têm direito a cometer toda a espécie de crimes e a infringir as leis de todas as maneiras, pelo próprio fato deserem extraordinários”.

A atitude de Raskolnikov, que se crê uma pessoa extraordinária, uma espécie de “super-homem”, acima das leis e da moral vigente, aparece como causa de sua alienação social, e é essa atitude que o induz de certo modo ao comportamento criminoso. Também é possível afirmar que ao compor seu protagonista, o autor condenava o niilismo.

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Vamos falar um pouco sobre a vida do autor. Dostoievski viveu em Moscou até os dezessete anos, quando o pai lhe enviou à Academia Militar de São Petersburgo. Logo abandonou a carreira militar e se dedicou à Literatura. Sua primeira novela, publicada em 1846, trazia uma grande inovação ao gênero: acrescentava a dimensão psicológica à pura narrativa em sua análise dos conflitos do protagonista, observando-os desde seu interior. Sua carreira foi interrompida em 1849. Dostoiévski se uniu a um grupo de jovens intelectuais russos que liam e debatiam as ideias de escritores socialistas franceses, obras proibidas na Rússia Czarista de Nicolau I. O grupo foi preso e Dostoiévski sentenciado a quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria. Ao retornar a São Petersburgo após esse período, retomou sua carreira literária. O autor se viu praticamente arruinado após a morte da mulher, e do irmão, em 1864, de quem as dívidas deixadas ele precisou quitar. Dostoievski passou os anos seguintes fora da Rússia, para escapar de seus credores. Foi durante esse período que terminou de escrever Crime e Castigo. Quando voltou a Rússia, em 1873, já era um escritor internacionalmente renomado.

RESUMO DA HISTÓRIA

O jovem estudante Raskolnikov leva uma vida de escassez, morando num pequeno quarto alugado em São Petersburgo. Raskolnikov arquiteta um plano: matar e roubar Alyona Ivanova, velha usurária, acreditando que o crime é justificável. O crime é consumado, não só o homicídio da velha usurária, com um machado, mas também o de sua meia irmã, Lizaveta, que havia testemunhado o crime. O jovem rouba alguns pertences e foge, chocado com o que fora capaz de fazer. Os assassinatos têm uma grande repercussão na cidade e a cada vez que o crime é mencionado, o rapaz tem estranhas reações. Raskolnikov começa a vivenciar uma verdadeira tortura mental e a apresentar um comportamento paranoico que ruma à loucura. Numa visita de sua mãe e sua irmã, Dunya, ele recebe a notícia de que a irmã fora demitida do emprego como governanta por resistir ao assédio do antigo patrão. Dunya se casará com em breve com um modesto pretendente, para ajudar a família. O irmão de Dunya está em meio a delírios provocados pela culpa na ocasião em que conhece seu pretendente e se recusa a permitir o casamento. Raskolnikov conhece Porfiry, detetive que cuida do caso do assassinato das duas anciãs e este começa a suspeitar do estranho comportamento do jovem. A pressão sobre o protagonista só aumenta quando o ex patrão da irmã, Svidrigailov, descobre a verdade sobre o crime e começa a chantageá-lo. Raskolnikov confessa o crime a Sonya, jovem com quem vem se relacionando, e ela o aconselha a se entregar à polícia. O protagonista confessa seu crime e é condenado a oito anos de prisão na Sibéria.

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O ator Ed Porter interpretando Raskolnikov em uma das inúmeras adaptações teatrais da obra.

Algumas ideias sobre o trabalho com o livro em sala de aula

  • O livro pode ser utilizado no 9º ano do Ensino Fundamental II e no Ensino médio, em aulas de História, Língua Portuguesa e Literatura.
  • Há de se considerar que se trata de uma leitura relativamente longa, embora a linguagem seja acessível.
  • Sabemos que no Brasil existem distintas realidades na Educação, e em certos contextos trabalhar com essa obra pode parecer quase impensável, tendo em vista fatores que vão desde a falta de interesse propriamente dita por parte dos alunos até suas deficiências no campo da leitura e interpretação textual.
  • Quando tais problemas estão presentes, é ainda mais importante insistir em apresentar aos alunos uma obra de inquestionável valor como Crime e Castigo, e aqui vão algumas sugestões para lidar com as eventuais dificuldades:
  • caso o problema seja a deficiência dos alunos no domínio da leitura, sugerir a leitura por capítulos, debatendo posteriormente em sala de aula. Nesse caso o debate servirá tanto para que os alunos possam compartilhar suas impressões quanto para esclarecer possíveis dúvidas no que diz respeito à interpretação do texto.
  • Devemos ressaltar que essa linha pode ser seguida tanto numa abordagem do ponto de vista da História quanto da Língua Portuguesa e da Literatura. Bem, um projeto interdisciplinar é sempre uma boa opção, especialmente nesse caso.
  • Em relação ao que deve ser abordado na obra, esperamos que essa resenha seja uma fonte de inspiração: pode-se partir de uma contextualização que apresente um pouco da vida do autor e do contexto histórico em que o livro foi escrito, sua inserção na história da literatura e a exploração dos principais temas presentes na trama. Cada professor saberá estabelecer o recorte a ser trabalhado.

Além dos já referidos debates em sala de aula, uma boa opção para a exposição do que foi trabalhado por parte dos alunos, e que inclusive pode servir como avaliação, são as apresentações orais, os chamados “seminários”, individuais ou em grupo. Esse tipo de exposição permite ao aluno não somente apresentar aos demais colegas e professores suas conclusões, como também são um excelente exercício de expressão oral, uma habilidade que precisa ser exercitada em todos os segmentos do ensino e que muitas vezes é negligenciada.

PRINCIPAIS PERSONAGENS

Raskolnikov- Protagonista da novela, inclusive a história é contada exclusivamente do seu ponto de vista. Seu nome deriva da palavra russa “raskolnil”, que pode ser traduzida como “dividido”. Desdenha a humanidade e se crê parte de uma elite “sobre-humana”.

Sonya- Moça tímida e devotada à família, a ponto de se prostituir para sustenta-la. Ilustra importantes questões políticas e sociais abordadas por Dostoiévski, como gênero, os efeitos da pobreza e a importância da fé religiosa.

Dunya- Irmã de Raskolnikov, com quem mantém uma relação de amor e respeito mútuos. É o personagem feminino mais forte da novela.

Consiste tudo em que tu, pelo visto, supões que me entregam a alguém, e com algum fim, na qualidade de vítima. Mas não é assim, de maneira nenhuma. Eu me caso, simplesmente, seguindo a minha inclinação, porque se me torna desagradável continuar solteira; além do mais, não há dúvida nenhuma de que me considerarei feliz se puder depois ser útil aos meus (…)”

Svidrigailov-Personagem ambíguo, exibindo ora um comportamento violento, chegando à tentativa de estupro contra Dunya, ora demonstrando generosidade e compaixão.

SIMBOLOGIA

A cidade – Na obra, São Petersburgo representa o barulho, a sujeira, a degradação material e moral, enfim, o caos.

Na rua fazia um calor sufocante, ao qual se juntavam a aridez, os empurrões, a cal por todos os lados, os andaimes, os tijolos, o pó e esse mau cheiro peculiar do verão, conhecido de todos os petersburgueses que não possuem uma casa de campo”.

A cruz- A cruz que Sonya dá a Raskolnikov antes de ele ir à polícia confessar seu crime é um importante símbolo da redenção do protagonista. O fato de a cruz ser dada por Sonya tem um significado especial: ela se doa para traze-lo de volta a humanidade e seu amor irá salva-lo e renová-lo, num paralelo com Jesus Cristo, na tradição cristã.

 Alguns motivos para ler esse livro com seus alunos

  • É um clássico mundial.
  • Aborda importantes questões éticas e morais.
  • Possibilita uma abordagem histórico-literária.
  • Oferece um desafio aos alunos, já que é uma leitura de maior fôlego.
  • Crime e Castigo foi inspiração para diversos filmes, que podem complementar a leitura.
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WEB

 Crime e Castigo – Dostoiévski – Episódio 1 – BBC 2002 – Legendado em Português-https://youtube.com/watch?v=IFuQ4RmMFFU

Entrevista: Elena Vássina, professora de letras russas da Universidade de São Paulo, conversa com Ederson Granetto sobre Crime e Castigo.
https://youtube.com/watch?v=I-lut0uU3eM

Documentário – Crime e Castigo-
https://youtube.com/watch?v=uYxlh_IwbuM

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