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Jesuítas – Conheça um dos grupos que serviu de base para a cultura nacional

Bem-vindos ao primeiro Filosofia e Cultura! Nesta série de posts, a serem publicados todas as terças-feiras, traremos materiais sobre as escolas filosóficas ao longo da história, e quais foram os seus papéis na formação política e social da sociedade. E hoje, começaremos com os Jesuítas.
O Quê foi a Ordem dos Jesuítas?
A ordem dos jesuítas, ou Companhia de Jesus, teve papel fundamental na formação social do Brasil colonial. Criada em 1537 com o grande objetivo de converter infiéis e, tentando acima de tudo uma reação contra a recente reforma protestante, ela foi formada por um grupo de seis estudantes (um português e cinco espanhóis), e liderada por Inácio de Loyola, ex-soldado basco que abandonou a vida de arruaças, enquanto convalescia do ferimento feito por um tiro de canhão.
Três anos depois de fundada, a ordem foi oficializada pelo papa, e a Companhia de Jesus acumulou poder graças às boas relações com a Coroa e ao controle da mão-de-obra nativa, sendo que sua missão era catequizar e evangelizar as pessoas, pregando o nome de Jesus.
Ao iniciar suas andanças pelo mundo, a estranheza entre catequizador e catequizado era inevitável. De um lado, eles encontravam índios canibais politeístas, que sabiam tudo sobre plantas, ou ainda, chineses de olhos puxados, com poucos pelos no corpo e conhecimento fantásticos de astrologia e matemática, e por outro lado, viam europeus barbudos e suados, completamente vestidos.
A Proximidade com as Tribos Indígenas
Essa proximidade com as tribos permitiu que eles fossem os primeiros a documentar as diferentes culturas, como por exemplo, o primeiro dicionário português-tupi escrito por Padre Anchieta, sem o qual talvez não tivéssemos registro da língua. Os padres também melhoraram os mapas da época, porque costumavam detalhar em cartas os lugares por onde passavam. Foram eles que encontraram uma rota terrestre entre Índia e China e descobriram que a Califórnia e a Coreia não eram ilhas.

Dessa forma, os missionários foram à Índia, China, Japão, Etiópia, Canadá, Indonésia, e vários outros países. Assim, quando os portugueses descobriram o Brasil , os jesuítas tiveram a incumbência de vir, educar e ensinar o idioma aos novos selvagens.
O projeto educacional dos Jesuítas
A base educacional dos Jesuítas era a catequização. Entretanto, aqui no Brasil o projeto de educação jesuítico ia além, pois tinha uma base transformadora social.
O padre Manuel da Nóbrega comandou os primeiros jesuítas a chegarem ao Brasil, desembarcando na Bahia em 1549, na expedição de Tomé de Souza, enviado para ser o governador-geral da colônia. Os jesuítas se dedicaram a propagação da fé católica e ao trabalho educativo, ensinando os índios a ler e escrever.
Indo de Salvador até o sul, em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Assim, passados mais de 400 anos, deve-se aos jesuítas a abertura dos primeiros colégios no Brasil, a valorização do hábito do estudo e grande parte do registro conhecido da cultura indígena.
Nas escolas jesuítas funcionavam alguns princípios que se mantiveram por mais de duzentos anos. São eles: unificação do método de ensino por todos os professores, ênfase na concentração e na atenção silenciosa dos alunos e um processo de ensino ligado à repetição e memorização dos conteúdos apresentados.
Todos estes princípios se sobressaem na Ratio Studiorum (Ordem dos Estudos), síntese da experiência pedagógica dos jesuítas, composta de normas e estratégias, que visavam à formação integral do homem, de acordo com a fé e a cultura católica daquele tempo.
Os jesuítas não se limitaram à alfabetização. Além do curso básico, eles ofereciam os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes.
Para que a catequização fosse realizada, era necessário que os indígenas aprendessem a língua portuguesa para a leitura de trechos bíblicos e o ensino da prática religiosa católica, educando não somente os índios, mas também os filhos de colonos, principalmente dos senhores de engenho.
A educação era rígida e a disciplina era duramente cobrada. Em caso de desobediência a alguma norma ou mesmo no erro de alguma lição, os alunos eram punidos com castigos, muitas vezes físicos. O mais conhecido foi o uso da palmatória, um instrumento de madeira utilizado para bater na palma da mão dos alunos.
Os Jesuítas, embora controversos em suas condutas e metodologias de estudo, foram um dos principais responsáveis na construção das bases culturais brasileiras que até permeiam várias camadas da sociedade. Compreender seu conhecimento é dar um importante passo no conhecimento do Brasil.