Na cultura coreana os Gwishin, ou fantasmas, são muito comuns e aparecem em muitos filmes, séries e livros de terror e suspense. Neste texto vamos conhecer um pouco desse mito, entender as referências culturais e relacionar algumas maneiras de utilizar esse conhecimento em sala de aula, falando assim a língua dos jovens.
Os gwishin são quase sempre mencionados como almas de pessoas que faleceram muito tristes e injustiçadas e não conseguem partir de nosso mundo até que se vinguem dos que os oprimiam. Eles são classificados sobre vários tipos, variando de acordo com as circunstâncias da morte de cada pessoa.
Atividades
Gwishin Cheonyeo (fantasma virgem)
A lenda diz que há muito tempo atrás as mulheres nascidas na Coreia sofriam muito, sendo obrigadas desde pequenas a servirem os homens, como seu pai e seu marido. Por isso quando uma virgem morria, se tornava uma gwishin cheonyeo, ou fantasma virgem. Elas usam o sobok, uma roupa branca usada em ocasiões de luto, e têm os cabelos longos e despenteados, caídos sobre o rosto. O motivo de usarem o cabelo assim é que a tradição da época obrigava as moças virgens a cobrirem o rosto.
Por terem morrido virgens, as gwishin cheonyeo não cumpriram com seu objetivo na vida – o de servir a um marido – e por isso não podem deixar esse mundo.
Devido a essa crença, tornou-se costume entre algumas famílias coreanas fazer um “casamento fantasma” para supostamente unir duas pessoas que faleceram e assim poder permitir que eles possam partir desse mundo e ter seu descanso.
As Cheonyoeo Gwishin rondam por lugares grandes que estão velhos ou já abandonados como hospitais, escolas, bosques ou prédios e construções antigas.
Mul Gwishin (fantasma afogado)
Algumas lendas antigas contam que quando alguém morria afogado, sua alma solitária ficava vagando debaixo da água. Esses são os Mul Gwishin, que por não gostarem de ficar sozinhos no escuro e frio, eles costumavam arrastar nadadores desavisados para o fundo consigo.
Hoje em dia, porém, essas histórias foram deixadas de lado e o termo Mul Gwishin se tornou apenas uma expressão usada como forma de ameaça. É mais ou menos como dizer: “Se eu afundar, vou levar alguém pra baixo comigo.”
Gwishin Escolar
Há ainda mais um tipo de Gwishin bastante famoso entre o povo coreano. Esses são almas de estudantes que foram assassinados ou cometeram suicídio em escolas e por isso ficaram presos entre as paredes do lugar e geralmente são garotas usando uniforme escolar.
As lendas urbanas sobre os Gwishin que rondam os colégios são muitas, devido ao teor assustador dessas histórias, já que as escolas normalmente são lugares muito grandes, cheios de corredores, salas e banheiros – o cenário perfeito para uma boa história de terror.
Além disso, em países como a Coreia é comum os estudantes ficarem até mais tarde na escola, estudando ou fazendo algum trabalho…
Outro triste motivo da popularidade dessas lendas é o alto número de assassinatos e suicídios que ocorreram em escolas do país.
Dalgyal Gwishin
Esse é considerado pela maioria dos coreanos o mais assustador dos Gwishin.
As lendas contam que o Dalgyal Gwishin vive nas montanhas e não tem rosto, e que apenas o fato de se olhar para ele é o suficiente para causar a morte de viajantes que se aventuram nas montanhas desertas na escuridão da noite.
Eles são gwishin de pessoas que não tinham nenhum parente próximo ou amigos e por isso nunca receberam a devida despedida por sua morte, e por isso vagam por esse mundo.
Curiosidades sobre os Fantasmas Coreanos
1 – Muitas das lendas sobre os Gwishin escolares, contam sobre fantasmas que habitam os banheiros das escolas. Histórias como essas inspiram muitas outras em todo o mundo, como no caso da famosa “loira do banheiro” aqui no Brasil. 2 – A aparência do Dalgyal Gwishin e o fato de ele ser capaz de matar alguém apenas por olhar para ele podem ter servido de inspiração para uma lenda urbana muito famosa nos últimos anos: o Slenderman. 3 – Existem lendas sobre a existência de uma versão masculina da Gwishin virgem, chamado Chonggak Gwishin.
Sugestões de Atividades
As Gwishin são um ótimo ponto de partida para dialogar sobre cultura local e pop com seus alunos adolescentes. Se formos reparar, todo folclore urbano possui suas Gwishin, Chonggak ou Dalgyal, e por isso, uma ótima atividade é buscar os correspondentes populares dentro das narrativas que seus alunos já ouviram, comparando semelhanças e diferenças.
Outra atividade, ainda no contexto das narrativas, está em propor que seus alunos criem sua própria história de terror, se apropriando dos espaços escolares. Um exercício de performances das estórias também é sempre bem vindo, principalmente se criar um clima para isso.